O Rio Doce, um dos principais cursos d’água do sudeste brasileiro, atravessa Minas Gerais e Espírito Santo por cerca de 850 km até desaguar no Atlântico.
Em 2015, marcou tragédia ambiental com o rompimento da barragem de Fundão (Samarco),
que despejou 62 milhões de m³ de rejeitos de minério, causando devastação ao longo de toda a bacia
Impactos da Tragédia e Panorama da Bacia
O desastre foi responsável por:
- Contaminação de 230 municípios;
- Morte de 19 pessoas e desaparecimento de outras três
- Extensa destruição de fauna, flora, comunidades ribeirinhas, solo, nascentes, represas e hidrelétricas, incluindo a Candonga/Risoleta Neves.
A lama tóxica percorreu toda a bacia, afetando o litoral capixaba, e os experts alertam que seus efeitos podem durar décadas, talvez até 100 anos.
Acordos, Fundos e Recursos
Acordo repactuado (out/2024 – STF homologou)
- Total previsto: R$ 170 bilhões
- Especificamente, R$ 132 bi para reparação, sendo R$ 100 bi para horizontal e R$ 32 bi para recuperação ambiental
Fundo Rio Doce (marca mar/2025)
- Governado pelo BNDES, com R$ 49 bi para ações socioambientais e justiça social,
priorizando comunidades vulneráveis, quilombolas, indígenas, pescadores e agricultores
Recursos liberados até agora
- Samarco destinou R$ 10 bi em 6 meses desde a homologação: indenizações, reassentamentos, recuperação, R$ 4,9 bi para obras públicas
- Espírito Santo deve aplicar R$ 1 bi em obras nas cidades ribeirinhas, com foco em saneamento e infraestrutura rodoviária.
- Programa Agro‑Pesca repassa R$ 95 mil a agricultores familiares e pescadores
Ações Ambientais já em Curso
- Reflorestamento: 51 mil hectares projetados; 25 mil já plantados; 3.716 nascentes protegidas das 5 mil previstas
- Dragagem de rejeitos: remoção no reservatório da Candonga
- Vistorias do Ibama (mar/2025): avaliação de áreas degradadas, contaminadas por metais;
fiscaliza extração de sedimentos e recuperação de margens e matas ciliares
Pendências e Desafios Rio doce
- O Plano de Recuperação Ambiental (PRA), previsto em março/2025, só deve ser apresentado em julho
- Comunidades relatam falta de transparência e prazos pouco cumpridos.
- Renovação da repactuação traz mais recursos, mas sua eficácia depende da aplicação local e do acompanhamento dos atingidos.
Justiça social e Governança Rio doce
- O Fundo Rio Doce terá gestão participativa via comitês federais e subcomitês setoriais
- Priorizará populações negras, indígenas, tradicionais, pescadores e agricultores.
- Transparência é exigida, com portal e relatórios públicos relatando obras e despesas.
Cenário até 2028 e além Rio doce
Até 2028, a Samarco planeja operar 100% da capacidade em Mariana. A recuperação das nascentes, dragagem e reflorestamento devem prosseguir até 2040 conforme o PRA
Se executadas com rigor, as ações podem restituir a biodiversidade e promover a resiliência das comunidades
ribeirinhas. Porém, sem plano claro e fiscalização contínua, o risco de retrocessos permanece — algo que os atingidos já denunciam .Tempo
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